Por: Célia Rangel
“Nasci numa família alcoólica. Meu pai era um homem totalmente dependente do álcool e seu contato com a droga começou ainda na infância. Ele desestruturou todo o núcleo familiar. E, à medida que fui crescendo, a situação agravou-se. Ele tornou-se cada vez mais agressivo, violento. Foi assim até os meus 18 anos, quando, não aguentando mais, minha mãe partiu para a separação”, relatou, Cristiane de Melo, empresária.
A história de Cristiane retrata bem o que acontece com tantas famílias que conviveram ou ainda convivem com o alcoolismo dentro de casa, num ambiente doentio e hostil, principalmente para as crianças. Ela acrescentou: “Foi uma vida difícil e marcada por muito sofrimento. Precisei de tratamento psicoterápico, mas até hoje tenho sequelas”.
As experiências vividas e conhecidas mostram que tornar-se dependente do álcool é muito fácil. Considerado droga lícita, é comumente encontrado e aceito. Tem apelo social forte, estando sempre associado à alegria, indispensável em reuniões de família, confraternizações e, claro, nos finais de semana. Esses momentos, provocam o contato das crianças com a droga logo cedo, passando o consumo a ser considerado algo natural.
Alcoolismo
O alcoolismo é a incapacidade de controlar a ingestão de álcool devido a dependência física e emocional. De acordo com informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a ingestão excessiva de álcool é a terceira causa de mortes no mundo, atrás somente do câncer e das doenças cardíacas. Os dados tiveram embasamentos com estimativa da OMS. Por isso, o alcoolismo é hoje considerado um grave problema de saúde pública.
Contextualizando
No caso específico do Brasil, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) chamam a atenção. De acordo com estudo feito pela entidade, os brasileiros começam a beber muito cedo, ainda crianças, em média aos 11 anos. Outra informação importante divulgada pela OMS revela que, no país, existem mais de 4 milhões de pessoas dependentes do álcool.
Panorama Mundial
Conforme a OMS, a Europa é o continente que concentra o maior consumo de álcool per capta, chegando a 10,9 litros de álcool puro por ano. Na sequência, América Latina, com 8,4 litros de álcool puro per capta por ano, destacando-se o Chile nesse quadro – 9,6 litros de álcool puro. Outro destaque é a Argentina, país assinalado com 9,3 litros per capta por ano, além da Venezuela – 8,9 litros.
História de superação
“Meu primeiro contato com o álcool aconteceu quando eu era adolescente, em meio às festas reunindo a família. Do refrigerante, passei para a cerveja, sempre sendo estimulado pelos “adultos”. Tornei-me dependente e, durante seis anos, vivi sem sentido. Eu já acordava com necessidade de beber. Minha vida despencou. Mas, graças a Deus, um parente sensibilizou-se com a situação, foi até a minha casa e ofereceu ajuda. Aceite, pois já não aguentava mais aquela vida. Foi então que me levou para conhecer um grupo de Alcoólicos Anônimos, desde então, minha história tomou outro rumo. Hoje tenho uma vida saudável. Consigo passar 24 horas sem beber. Sinto-me feliz demais. Trabalho, sou bastante produtivo e constituí família”, este é o relato emocionado de Túlio de Lima, comerciante.
Políticas públicas
No que se refere às políticas públicas desenvolvidas no Brasil no sentido de despertar a consciência da população sobre os danos provocados pelo álcool, incluem-se as campanhas informativas e a proibição da venda a menores de 18 anos, entre outras, no entanto, profissionais da área da saúde as consideram tímidas.
Serviço Público de atendimento ao usuário de álcool
CAPS AD: Centros de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas. Oferece atendimento focado na saúde mental dos dependentes do uso de álcool e outras drogas, com equipe multiprofissional formada por médicos (clínico geral, psiquiatra, psicólogos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, assistentes sociais, entre outros). Disponibiliza ainda apoio aos familiares.
Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo
Ontem (18 de fevereiro) teve início a Semana de Combate ao Alcoolismo. A data visa conscientizar e alertar a população a respeito do consumo excessivo do álcool.
Preocupante
Levantamento do Ministério da Saúde (MS) alerta para o crescimento anual do hábito excessivo do consumo de bebidas alcóolicas no Brasil. Segundo dados do MS, os brasileiros estão na lista dos que bebem mais (20%).
O Oh, que saúde! espera ter contribuído com informações que conscientizem e orientem pessoas que, de alguma forma, enfrentem problemas relacionados ao alcoolismo. Se você gostou, curta e compartilhe.
Fontes
- Ministério da Saúde
- Organização Mundial da Saúde
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