De Monteiro, na Paraíba, para o Brasil: técnico de enfermagem emociona ao atravessar o Rio Paraíba para vacinar idosa de 78 anos







Por: Célia Rangel e Meyri Gomes


“Fui avisado que uma moradora ficaria fora da vacinação porque o trecho por onde o veículo passaria estava inacessível.  O aviso me impactou, mas não me rendi à dificuldade e resolvi contornar o obstáculo com o colega agente comunitário de saúde e atravessamos o rio e Dona Rita foi imunizada”, conta João Bezerra da Silva, técnico de enfermagem, 34 anos”. 


Em meio a tantas notícias ruins que envolvem atitudes de indiferença, insensibilidade e falta de empatia com relação à pandemia do coronavírus, ações como a acima relatada   seguem o caminho contrário e nos enchem de esperança e emoção. O caso aconteceu no Sítio Santana, na cidade de Monteiro, região do Cariri paraibano. 

Essa história saiu dos limites da cidade e repercutiu Brasil afora. Como não se emocionar diante desse exemplo, nesse momento difícil que estamos vivendo? Enquanto vemos e nos revoltamos com ações de desprezo pela vida, discursos de ódio e deboche diante de tantas mortes, João Bezerra toca o nosso coração e nos enche de orgulho. Repercutir atitudes como essa desencadeia vibrações que servem de motivação para a prática da empatia. Por isso, o Oh, que saúde! traz uma conversa com o técnico de enfermagem, que emocionado falou sobre aquele momento. 

CR: Bom dia! Obrigada pelo bate papo. 

JB: Eu também agradeço a oportunidade de falar sobre essa experiência. 

CR: Quando você chegou ao local e foi comunicado sobre a impossibilidade de imunizar Dona Rita, por causa da inviabilidade de acesso para chegar   de carro até onde ela mora, o que pensou? 


JB:
Pensei em solucionar o problema e não em me curvar diante dele. Prontamente, veio a minha cabeça a ideia de atravessar o rio. E assim foi feito. Eu e o agente de saúde Caio arregaçamos as calças e chegamos do outro lado. Vocês tinham que ver a felicidade da idosa, abrindo um sorriso para nós, e da sua filha, que nos aplaudiu. Já havíamos vacinado oito idosos, não poderíamos deixá-la de fora. Foi gratificante. 

CR: Como técnico de enfermagem, que avaliação você faz durante esse longo tempo de pandemia? 

JB: A falta de conscientização acerca do momento delicado que vivemos é um grande obstáculo, principalmente no que diz respeito aos jovens. Eles se comportam como se nada tivesse acontecendo, negando a gravidade da situação. Continuam aglomerando em festas, nas chácaras e bares nos sítios, disseminando o vírus.  

CR: Como você recebeu a repercussão do vídeo mostrando a travessia do Rio Paraíba? 

JB: Com muita alegria e cheio de motivação.  As mensagens de carinho recebidas servem de alimento, de motivação para continuar enfrentando as dificuldades com determinação. Quando saio de casa para trabalhar, sempre penso que os obstáculos que surgirem naquele dia serão ultrapassados. Sempre haverá uma maneira de superá-los.  

CR: Lições da pandemia. Quais as mais fortes? 

JB: É preciso conscientizar-se da necessidade de adotar os protocolos recomendados: usar máscara, higienizar as mãos com álcool em gel, evitar aglomerações, entre outras medidas, e tomar a vacina. Destaco também que sintomas gripais não podem ser ignorados, logo no início, deve-se procurar atendimento médico. Outra lição importante que precisa ser observada e compreendida: somos todos iguais, nenhum ser humano é superior a outro.  


CR: O Oh, que saúde agradece muito ouvir de você essa história com tanto significado. 

JB: Sou grato também. Essa foi uma experiência impactante na minha vida profissional e pessoal. 

Curiosidade: 

A cidade de Monteiro localiza-se na região do Cariri Paraibano,  no extremo Sul do Estado, e fica a 319 Km da capital João Pessoa. É lá que nasce o Rio Paraíba, na Serra de Jabitacá. 


 

Vídeo


Fonte Vídeo: Jornal da Paraíba 



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