“Vez por outra, estou no postinho
de saúde do bairro com os meus filhos. Já foram internados por
infecção intestinal, diarreia e vômito. O mais novo, 5 anos, foi diagnosticado
com vermes e encontra-se desidratado, devido as diarreias frequentes, acredito
que pegou a doença brincando na rua. Onde moro, o esgoto escorre a céu aberto,
não há água nas torneiras”. O relato é da dona de casa, Maria do
Carmo Silva, 20 anos, moradora de uma comunidade do bairro do Tibiri, Santa
Rita, localizado na região metropolitana da capital paraibana.
Segundo dados do Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS),divulgado em 2020, referente a 2018, o caso de dona Maria, infelizmente, não é uma exceção.
O SNIS destaca que, no Brasil, metade da população continua sem acesso ao sistema de esgotamento sanitário, ou seja, cerca de 100 milhões de pessoas, 47% dos brasileiros, ainda utilizam medidas alternativas no descarte dos seus dejetos.
Já no que se refere ao consumo de
água potável, os números também não são animadores, afinal de contas, 35
milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e apenas 46% dos esgotos
gerados no país são devidamente tratados.
O problema
do saneamento básico no Brasil vem gerando impactos negativos
à saúde pública. Para se ter uma ideia, nos três primeiros meses de
2020, 40 mil internações foram registradas no Brasil, ocupando 4,2% dos leitos
do Sistema Único de Saúde (SUS), devido a doenças diretamente ligadas
à falta de estrutura sanitária. Um prejuízo de R$ 16,1milhões aos cofres
públicos. Os dados são da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental (ABES). Ainda de acordo com o estudo da ABES, doenças como cólera,
diarreia e amebíase são mais comuns aos ambientes
sem saneamento adequado.
Sabemos que, no Brasil, os serviços
de saneamento ainda não chegam para todos. A ausência do acesso à
água tratada, à coleta e ao tratamento de esgoto acentua a propagação de
doenças que seriam mais facilmente controláveis em regiões saneadas.
De acordo com o especialista em
questões hídricas, o engenheiro civil João Vicente Machado Sobrinho,
o saneamento básico é fundamental na promoção
da saúde da população. “Se considerarmos que 70% das doenças do mundo
que atingem a população são causadas por problemas hídricos e que
elas têm a água como veículo, chegamos à conclusão
que saneamento é uma questão de saúde pública,
ou seja, tendo um saneamento de qualidade eu terei
uma saúde preventiva forte”, conclui.
Luz no
final do túnel
Sem saneamento básico não
há saúde. Nesta perspectiva, mesmo em ritmo lento, ações vêm sendo
realizadas no Brasil e podemos observar alguns avanços. As coberturas de água e
de esgoto têm melhorado no país nos últimos anos. No ano de 2011, por exemplo,
82,4% da população tinha acesso à água tratada. Já em 2018, o índice passou
para 83,6%.
Outro avanço registrado nos
indicadores do SNIS, é que a população com acesso à rede de coleta de
esgoto, que passou de 48,1% em 2011 para 53,2% em 2018. A proporção de esgoto
tratado também passou de 37,5% para 46,3%.
Observamos melhorias, mas não podemos
deixar de destacar que, mesmo assim, como já foi dito, esses índices indicam
que milhões de brasileiros seguem sem acesso aos serviços básicos
de saneamento.
Saneamento básico:
entenda como funciona
É um conjunto de serviços fundamentais
para o desenvolvimento socioeconômico de uma região, tais como abastecimento de
água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de
resíduos sólidos e de águas pluviais.
O saneamento básico é um direito garantido pela Constituição
Federal e instituído pela Lei nº. 11.445/2007.
Os problemas estruturais que atingem a camada mais pobre da população, quanto à moradia, alimentação e saneamento básico, nos alerta para saber isso, saúde é um conjunto de fatores e não apenas uma condição isolada. Tudo ao redor será responsável por essa saúde, transporte, meio ambiente, segurança, dentre outros fatores. Continuaremos lutando para diminuir essas terríveis estatísticas sobre a pobreza no país.
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