COVID: A FALTA DE CONSCIÊNCIA E OS HOSPITAIS SUPERLOTADOS

            Não é alheio a ninguém o clima pesado e os tempos sombrios que estamos vivendo. Há uma atmosfera sufocante que invade as reuniões familiares, os grupos de Whatsapp, as conversas no trabalho, nas redes sociais, por onde nos viramos conseguimos detectar um cheiro podre no ar. Há um medo em nós de esbarrar em alguém e essa pessoa nos revelar o seu lado sombrio. Não é só um vírus que nos ronda, tirando-nos a paz, é mais que isso. Um vírus e vários outros microorganismos que dispersos, tomam conta de toda uma humanidade que passou a dar vazão ao esgoto que carregamos na maldade que não tínhamos coragem de mensurar e, agora, passeia livremente causando um grande estrago na história da humanidade.

            Vivemos os dias de uma pandemia que quando pensamos que está indo embora, ela volta mais forte e nos deixa cada vez mais vulneráveis a sua força destruidora. Perdemos um grande e inestimável número de pessoas. Mas se acompanharmos as redes sociais, veremos as pessoas em festas, eventos, vida social agitada, sem máscaras, como se a pandemia não existisse ou como se essas pessoas fossem super-humanos imunes a esse vírus mortal.

            O problema é que essas pessoas voltam para as suas casas, para a escola, para o shopping, para a feira, para os ambientes de saúde (pasmem, também vemos profissionais da saúde nesses eventos) e trarão com elas, de forma assintomática, a anunciação da irresponsabilidade de contaminar o mundo em que vivem, sem a menor dor na consciência, porque elas estão mais preocupadas em viver o mundo como o predador que usa, sem se importar se vai sobrar para o dia seguinte, porque ele se divertiu, curtiu a good vibes e voltou pleno contaminado para seu habitat.

            Mas acha que para por aí? Nada. Recentemente, a Prefeitura de João Pessoa precisou suspender as férias já programadas de profissionais de saúde no mês de fevereiro, porque não havia profissionais para substituição. Há muitos profissionais doentes, em sobrecarga de trabalho, estressados, trabalhando para cuidar de uma população que ainda não percebeu a gravidade de um tempo doentio em níveis mundiais.

            Não se trata de culpar as autoridades para que façam a parte que lhes cabe no quesito de unir esforço para a contenção dessa pandemia. Trata-se de repensar quem somos enquanto seres humanos preocupados unicamente com a nossa saúde mental e nem um pouco com a humanidade e a sua luta para a sobrevivência.

             Recentemente, uma turma de medicina de uma faculdade de nossa cidade entrou na justiça (e pasme, ganhou) para ter o direito de aglomerar, de comemorar, de fazer um show com o cantor Wesley Safadão. Ei, não sei se você, meu leitor, prestou atenção: uma turma de novos médicos. Vou repetir: novos médicos. Aqueles que nos atenderão em seus consultórios, nos hospitais e que deverão nos dar “bronca” para que a gente se cuide. A área de saúde, a mais atingida por essa pandemia, essa mesma que nesse exato momento se divide em abrir mão de suas férias para substituir colegas com Covid, e enfrentar cargas pesadíssimas de plantões exaustivos.

            Estamos em um momento muito difícil. O movimento antivacina não apenas fere a segurança mundial, ela fere a nossa existência enquanto seres humanos responsáveis uns pelos outros, até que consigamos nos manter vivos, a despeito de tantos outros que se foram, porque não tiveram a chance de tomar a vacina, por política, questões ideológicas e descaso das autoridades do país.

            O projeto de humanidade hoje sofre graves problemas para se manter como a parte racional do equilíbrio biológico da terra. Isso é deveras preocupante. Na ocasião da morte de um líder dessa onda de descaso contra a ciência, a educação e a pesquisa, me causou uma dor imensa ver no Linkedin, espaço de trabalho, da produção, da educação e da ciência, uma homenagem a um autodidata, negacionista, fascista, que abominou a ciência e militou contra ela, sendo ovacionado por ninguém mais, ninguém menos que, pessoas que estudaram. Ops... Pessoas com títulos acadêmicos. Então, eu pensei, pronto, estamos todos perdidos.

            A humanidade é um projeto que ainda luta para dar certo. E eu, sinceramente, ainda luto para que esse projeto vingue.

Agora te convido a refletir sobre esse assunto. Você acha que a sociedade está tendo consciência da gravidade da doença e está sabendo enfrentar a Covid-19? Deixe seu comentário e compartilhe com os amigos.