Suicídio, assunto sério e que tem que ser discutido. Por isso, foi dedicado um mês para que todas as atenções pudessem se voltar ao tema, o setembro amarelo, com isso, aparentemente, as pessoas se sentem mais segurança para falar do assunto e saber realmente o que podem fazer para mudar esta realidade que assola o Brasil e o mundo.
Segundo dados colhidos da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de um milhão no mundo. Trata-se de um triste fato, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens.
O site criado pela ABP, o setembroamarelo.com, relata que 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar. E mesmo com esse alarmante número cerca de 50 a 60% das pessoas que morreram por suicídio nunca se consultaram com um profissional de saúde mental ao logo da vida. Como é o caso da paciente Maria, nome fictício atribuído a nossa personagem. Ela relatou que a primeira vez que tentou contra a sua vida nunca tinha falado do seu problema com ninguém.
“Eu tinha vergonha de falar que estava sentindo uma tristeza enorme no meu coração. Nunca consegui falar para minha família, amigos e colegas de trabalho, pois ficava pensando no julgamento das outras pessoas. Eu também não tinha forças para procurar ajuda com os profissionais de saúde, então tentei fazer o que achava a melhor solução”, explicou. Setembro Amarelo®
Maria hoje faz tratamento para depressão com a ajuda de um psiquiatra e terapias com um psicólogo.
“Hoje eu percebo que sempre precisei de ajuda, e que se não fosse essa ajuda não tinha conseguido me reerguer. Ainda é difícil e muito dolorido todo o processo, mas agora consigo me comunicar e dizer o que estou sentindo. Um passo de cada vez, assim vou me enxergando melhor e seguindo com os objetivos que tracei na vida”, frisou.
A psicóloga clínica e hospitalar, Angélica Lima, destacou que o suicídio pode estar associado à intensa dor emocional que os transtornos mentais geram na vida da pessoa.
“Qualquer pessoa, independente de apresentar transtornos mentais, que sinta fortes sentimento de vazio, culpa, raiva, angústia, desilusão, pode acreditar que tirar a própria vida vai aliviar seu sofrimento. Pois, quem tira a própria vida não quer simplesmente morrer e sim necessita desesperadamente se livrar da dor intensa que sente e não consegue mais encontrar formas de eliminá-la”, esclareceu.
Angélica explicou ainda que, com toda essa nova configuração a que fomos expostos por conta da pandemia, essa readaptação potencializou em algumas pessoas, transtornos pré-existentes, a exemplo da ansiedade e depressão, bem como, desencadeou estes e outros sintomas em quem antes nunca havia apresentado.
“Ao falar em depressão considero relevante identificar a diferença entre tristeza e depressão, tendo em vista que a tristeza faz parte de uma das nossas emoções básicas, é considerada “normal”, pois ajuda o ser humano a lidar com suas “perdas”, está geralmente associada a algo, menos duradoura, pouco intensa, com o tempo melhora, seu prejuízo funcional, tende a ser limitado. Já a depressão, é mais intensa, duradoura, há um prejuízo funcional, na realização das tarefas, apatia, não precisa necessariamente estar ligada a uma causa especifica, atrapalha a rotina e o dia a dia da pessoa, a produtividade, a autoestima fica prejudicada. Pois, a pessoa geralmente se sente constantemente angustiada, podendo apresentar episódios de choro fácil e frequente, se sente culpada, irritada, fadigada, passa a ficar mais isolada, apresenta insônia, ou sono constante. Precisa sim ser observada e tratada para evitar que piore”, explanou.
Origem da campanha
O Setembro Amarelo começou nos EUA, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio, em 1994.
Mike era um rapaz muito habilidoso e restaurou um automóvel Mustang 68, pintando-o de amarelo. Por conta disso, ficou conhecido como "Mustang Mike". Seus pais e amigos não perceberam que o jovem tinha sérios problemas psicológicos e não conseguiram evitar sua morte.
No dia do velório, foi feita uma cesta com muitos cartões decorados com fitas amarelas. Dentro deles tinha a mensagem "Se você precisar, peça ajuda.". A iniciativa foi o estopim para um movimento importante de prevenção ao suicídio, pois os cartões chegaram realmente às mãos de pessoas que precisavam de apoio.
Em consequência dessa triste história, foi escolhido como símbolo da luta contra o suicídio, o laço amarelo.
Procure ajuda
O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. Mais informações pelo site https://www.cvv.org.br/
O reconhecimento dos fatores de risco e dos fatores protetores é fundamental e pode ajudar. Se você acha que está tendo problemas relacionados à sua saúde mental ou conhece alguém que está passando por alguma dificuldade, procure um de nossos psiquiatras associados ou uma de nossas federadas. Informações: https://www.setembroamarelo.com/
Parabéns pelo conteúdo.
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