Os desafios da fisioterapia em tempos de pandemia da Covid-19

                                                                         

OHospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena (HEETSHL), emJoão Pessoa, é destaque pelos excelentes serviços prestados à população paraibana, desde o ano de 2001. Apesar de não ser referência para o tratamento de doenças infectocontagiosas, o Hospital se adaptou para receber pacientes com Covid-19 devido à expressiva demanda de pacientes acometidos pela doença. Foram abertos leitos, UTI’s e houve a capacitação de profissionais de saúde para atuarem na linha de frente. Foram dias extremamente desgastantes, plantões intermináveis, profissionais exaustos, momentos muito difíceis, porém, também gratificantes por estarmos ajudando a salvar vidas.

Esta pandemia trouxe a percepção da importância da fisioterapia como uma profissão essencial no tratamento de pacientes com covid-19, não só no pós-covid, mas também durante todo o processo da doença. Os profissionais têm atuado, principalmente, durante a internação de pacientes, mas a fisioterapia preventiva já impede que os danos da Covid sejam ainda maiores caso a pessoa seja infectada. Esse tipo de atividade auxilia na manutenção do pulmão, inclusive em pessoas não infectadas para evitar que o desconforto respiratório evolua para um quadro grave e a pessoa necessite de uma intubação (situação extrema na evolução da doença).

No caso de pacientes internados e intubados é diferente, pois envolve sedação, ventilação mecânica e a inativação da musculatura. Eles evoluem com uma perda de massa muscular que faz com que a reabilitação seja mais longa.

Além disso, os fisioterapeutas cuidam ainda do paciente quando ele necessita da VNI (ventilação não invasiva), que possui vários tipos, uma das mais conhecidas é feita com auxílio de uma máscara facial. Isso pode ser necessário para prevenir uma intubação. Quando a equipe médica opta pelo procedimento mais invasivo, que conta com a ventilação mecânica, é o médico que realiza a intubação no paciente, mas é o fisioterapeuta que fica responsável pela ventilação.

Entre as principais funções:

- Acoplam o paciente ao ventilador;

- Escolhem o modo ventilatório do aparelho e os parâmetros;

-Fazem leituras do exame de gasometria do paciente para corrigir algo no ventilador;

-Realizam pronação [pessoa de bruços] junto à equipe médica;

-Fazem ajuste ventilatório no geral.

Ou seja, toda essa parte ventilatória é de comando do fisioterapeuta. O médico também pode atuar, é claro, mas é o fisioterapeuta quem está mais à frente dessas condutas de um paciente em recuperação de Covid-19.

            Com o início da vacinação, houve uma redução significativa dos casos mais graves da doença e, consequentemente, das internações. Porém, o avanço da variante Ômicron, associado ao relaxamento dos cuidados e a volta das aglomerações acarretou no aumento drástico de casos e de procura pelos serviços de saúde.

Tal situação tem sobrecarregado novamente os hospitais, bem como afetado diretamente as equipes de saúde tendo em vista o grande número de infectados, fazendo com que tenhamos que passar novamente por plantões exaustivos, casos muito graves e, inclusive, a perda de alguns colegas de trabalho. E gerenciar essas situações requer um apoio e engajamento maior da equipe, ter consciência do risco aumentado de contaminação pela exposição ao vírus (apesar de sabermos que a vacinação evita casos mais graves), e conviver com problemas de saúde física e mental dos colegas profissionais de saúde.

            Com a equipe preparada para mais esse desafio, seguimos firmes no propósito de ajudar a salvar vidas e fazer o nosso melhor pedindo, mais uma vez, o entendimento e a colaboração da população para continuar com os cuidados contra a Covid, higiene das mãos e uso de máscara.

 Frederico Clemente

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