Por Meyri Gomes
"Eu descobri a gravidez poucas semanas antes do isolamento social, então, só pude dar a notícia pessoalmente para minha mãe, minha sogra e a poucos amigos. Os outros, infelizmente, souberam por telefone. Para mim, o desafio de estar grávida durante a pandemia é manter a mente sã, principalmente para não afetar o bebê. Não é uma missão fácil, o Coronavírus é muito novo, então, não existem muitos estudos concretos sobre os efeitos para o feto e a mãe. Na dúvida, sigo a orientação da obstetra e procuro me resguardar ao máximo. Sair de casa, apenas para as consultas e os exames do pré-natal, tomando, obviamente, todo o cuidado que é possível”, a experiência compartilhada é da jornalista Eliane Nóbrega, que espera sua primeira filha.
Os sentimentos e a experiência vivenciada por nossa personagem são compartilhados por outras gestantes, que vivenciam a maternidade nesse período de pandemia, e eles são bem pertinentes, pois, segundo orientações da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) é importante o isolamento social e adoção de formas de comunicação à distância para que o processo de disseminação do Covid-19 desacelere.
Ainda segundo a Febrasgo, as consultas de pré-natal devem seguir as rotinas habituais de acordo com seu risco, presença de intercorrências ou morbidades. Outra recomendação é que, nas consultas, os médicos investiguem a presença de sintomas gripais e/ou contatos recentes com pessoas infectadas pelo Covid-19. Reforçamos que as gestantes devem permanecer o mínimo de tempo necessário para a realização das consultas do pré-natal, evitando ao máximo aglomerações em salas de espera.
A ginecologista e Obstetra Emília Lopes conta os desafios enfrentados pelos profissionais e as gestantes nesse período de pandemia. “Esse é um momento desafiador, uma vez que não sabemos quais as consequências que a COVID-19 poderá causadas para ao feto e a gestante. Em razão dessas incertezas, é comum recebermos pacientes extremamente inseguras e, por essa razão, além do protocolo normal do pré-natal, modificamos a rotina de atendimento para nos adequarmos as convenções das autoridades de saúde e assim, assegurarmos que as futuras mães tenham uma gestação tranquila”, destaca.
A obstetra acrescenta que a gestação é um momento de cuidados pois há muitas mudanças fisiológicas no organismo da mulher. “Durante a gestação e no pós-parto, ocorrem mudanças fisiológicas no organismo da mulher, o que pode acarretar em uma predisposição a infeções graves, assim, tanto as grávidas, em qualquer idade gestacional, quanto as puérperas, até duas semanas após o parto, são consideradas do grupo de risco para as complicações da COVID-19, devendo, por essa razão adotar medidas de isolamento social mais rígidas”, conclui.
Apesar dos medos e incertezas, todas as mães têm um único sentimento que é o de gratidão. Afinal de contas, é um presente a chegada de uma criança. Não é mesmo Eliane?
“Essa é a minha primeira gravidez e foi muito planejada. Eu tenho 36 anos e quase oito de casada. Se fosse para escolher, gostaria de vivenciar essa experiência maravilhosa em um momento livre de pandemia e incertezas, mas, sempre que penso nisso, lembro que a vida é uma dádiva de Deus. Só Ele determina o propósito e o momento exato para uma vida ser gerada. Então, mesmo com todas as dificuldades que estamos vivendo, agradeço todos os dias pelo presente que Ele me deu.”, conclui Eliane.
GESTANTE COM COVID
Segundo informações do site da Febrasgo, os relatores das Comissões Nacionais Especializadas da Febrasgo de Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério Medicina Fetal, as gestantes diagnosticas com o Covid-19 devem ser tratadas de acordo com a classificação dos sinais e sintomas, conforme os protocolos estabelecidos para a população adulta, observando-se as alterações próprias da gravidez. Mais informações sobre esse protocolo podem ser obtidas no link: Febrasgo
EXAMES COMUNS NO PRÉ-NATAL
Primeiro trimestre:
- Identificação sanguínea e fator Rh;
- Teste de Coombs;
- Glicemia de jejum;
- Hemograma para identificação de possíveis sorologias infecciosas e anemia;
- Urina;
- Papanicolau;
- Ultrassonografia obstétrico inicial;
- Ultrassonografia morfológica para prognóstico de doenças cromossômicas ou malformações.
Segundo trimestre:
- Repete-se os exames de sangue, para acompanhar e identificar possíveis doenças, tais como, toxoplasmose e sífilis;
- A glicemia de jejum e tolerância à glicose, também é refeita, para evitar o risco de diabetes gestacional entre outras complicações;
- Ultrassonografia morfológica para identificar más-formações fetais estruturais, por exemplo, anomalias cardíacas congênitas.
· OBS: No segundo trimestre, é possível determinar o sexo do feto.
Terceiro trimestre:
- Repetição do hemograma e teste de sorologias para sífilis, HIV, toxoplasmose, rubéola e hepatites B e C;
- Exame estreptococo B;
- Ultrassonografia obstétrico para verificar possíveis complicações como desnutrição ou excesso de peso;
- Acompanhamento do volume de líquido amniótico e das condições da placenta, para então, começar os preparativos para o nascimento do bebê.
- Além disso, a gestante deve estar atenta às vacinas indispensáveis na gravidez, para manter sua proteção e do feto.
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