Violência contra a mulher: o silêncio é aliado do agressor


 


Por: Célia Rangel 



“Durante seis meses, sofri violência do ex-marido. Empurrões e até tapas, entre outras agressões. Aguentava calada porque ele sempre pedia perdão e dizia que iria mudar. Tudo mentira. Minha vida era um inferno. Até que um dia, quando ele saiu para trabalhar, me enchi de coragem e chamei a vizinha que me levou para a casa dos meus familiares. Chegando lá, desabei. No mesmo dia, na hora do almoço, meu pai e meu irmão foram onde  eu morava e esperaram o “estrupício”, que, quando os viu, se “borrou”. Além. Disso, o denunciei. A brabeza dele era somente comigo.  Isso aconteceu em maio deste ano. As marcas físicas saíram do corpo, porém, até agora, estou tendo acompanhamento psicológico para recuperar minha saúde mental”, relatou Sandra Lins nome fictício. 

 

Casos como o de Sandra, muitas e muitas vezes, acabam em morte. Felizmente, a situação acima relatada não teve esse desfecho. No entanto, o crescimento da violência contra a mulher é preocupante em todo o mundo. A situação tornou-se mais grave ainda depois das medidas de isolamento impostas pela pandemia do Coronavírus, quando a convivência com os agressores - geralmente os companheiros –   intensifou-se.   Países como Itália, Espanha, Estados Unidos e China destacam-se nessa triste realidade. 

E, lamentavelmente, o Brasil compõe esse quadro de violência contra a mulher. Resultados de levantamentos chamam a atenção.  De acordo com os registros do Anuário Brasileirode Segurança Pública, por exemplo, nos seis primeiros meses deste ano de 2020, houve crescimento 1,9% em comparação com o mesmo período de 2019. A gravidade da realidade é impactante. Outro dado também revoltante, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), coloca o país no 5º lugar em relação ao feminicídio: a cada sete horas, uma brasileira é assinada. 

No mês de abril, o número de denúncias ao 180 - Ministério da Mulher, daFamília e dos Direitos Humanos (MMDH) - teve crescimento que atingiu quase 40% a mais no que se refere aos registros correspondentes ao mesmo mês de 2019. 

 

Crimes de feminicídio que chocaram a Paraíba 

Destacam-se o que aconteceu em fevereiro de 2012, no município de Queimadas, na região do Agreste (130 Km de João Pessoa). Durante uma festa de aniversário, dez homens estupraram cinco mulheres e assassinaram duas delas porque reconheceram os agressores. E também o que ocorreu em abril de 2010, em João Pessoa, quando a estudante Aryane Thais Carneiro de Azevedo, que estava grávida, foi estrangulada pelo namorado Luiz Paes de Araújo Neto. O corpo da jovem foi encontrado às margens da BR-230. 

Entre os casos mundiais impactantes, há o registro do ocorrido 06 de dezembro, em 1989, na cidade Montreal, Canadá. Um homem  armado entrou em uma sala de aula e matou 14 mulheres porque, segundo ele, eram feministas. Os crimes geram comoção em todo mundo e motivaram a criação da Campanha do Laço Branco para sensibilizar os homens para envolvê-los na luta pelo fim da violência contra a mulher. 

Denuncie 

Se você está sofrendo violência do companheiro, de qualquer outro homem ou conhece alguma vítima, não se cale. Denuncie! Caso não queira ou não possa fazer a denúncia presencialmente, ligue para os canais abaixo relacionados. 

 

180 – Central de Atendimento à Mulher 

190 – Disque Denúncia da Polícia Militar 

197 – Disque Denúncia da Polícia Civil 

SOS Mulher PB – Aplicativo (sistemas operacionais Android e IOS) 

 

Fontes:  

- Anuário Brasileirode Segurança Pública 

- Ministério daMulher, da Família e dos Direitos Humanos 

- Organização Mundial daSaúde 


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