Ingestão de corpos estranhos predomina entre crianças menores de 5 anos


 



Por : Célia Rangel e Meyri Gomes


“Em 2019, quando tinha 3 anos, minha filha Sofia engoliu uma moeda de 5 centavos que, distraidamente, deixei sobre a estante, na sala. Eu estava conversando com uma visita e, de repente, a menina fez um gesto estranho e ficou muito desconfiada. Naquele momento, percebi o que tinha acontecido. Rapidamente, levei-a para o hospital, onde foi feito exame de raio-X que confirmou a presença do corpo estranho. Graças a Deus não foi necessário fazer nenhum tipo de intervenção. Fui orientada pelo médico e voltamos para casa. Depois de alguns dias, ela expeliu o objeto”, relata Eunice Araújo, dona de casa. 

 

No caso da situação acima relatada, os médicos explicam que a eliminação espontânea, através das fezes, ocorre depois de até uma semana da ingestão da moeda, sem complicações. E, de acordo com dados da literatura médica, 75% dos casos envolvendo a ingestão de corpos estranhos por crianças estão entre menores de 5 anos, no entanto, a prevalência concentra-se na população infantil na faixa etária de 1 a 3 anos.  

Episódios mais comuns 

No que diz respeito aos eventos mais frequentes de ingestão de corpos estranhos, as moedas estão no topo da lista nas emergências pediátricas no Brasil, seguidas de brinquedos e peças, pregos, parafusos, brincos, alfinetes, tampas de lápis, e até baterias e pilhas, itens considerados mais perigosos, pois em sua composição existe a presença de metais pesados como chumbo, mercúrio e cádmo, que oferecem alto risco à saúde, podendo provocar a morte.  

Curiosidade 


O Hospital de Trauma de João Pessoa, na Paraíba, realizou 416 atendimentos motivados por ingestão de corpos estranhos por crianças na faixa etária de 0 a 12 anos, no período de janeiro a abril deste ano de 2021, sendo que o maior número de entradas (78) refere-se a crianças com 2 anos. Ane Marie Sarmento, pediatra da unidade hospitalar, esclarece que as maiores demandas  acontecem por causa do engolimento de moedas. Ela ressalta que casos  devem ser levados para o hospital imediatamente.  No que se refere à pilhas, a médica frisa  que é muito perigoso e requer atendimento urgente. 

Dados de sufocações/engasgamento no Brasil 

De acordo com dados da ONG Criança Segura, mais de 700 crianças morrem por ano no país em decorrência de sufocações e engasgamentos. Ainda de acordo com a ONG, isso coloca o Brasil na terceira posição na lista de mortes por acidentes. 

Experiência de atendimento de engasgo de recém-nascido 

Emanuel Almeida, enfermeiro coordenador do Núcleo de Educação Permanente, que trabalha há sete anos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU - 192) relata uma experiência vivida com recém-nascido engasgado com leite materno. “O caso que me chamou mais a atenção foi o de um bebê de apenas 22 dias, trazido até a nossa base por seus familiares bastante aflitos. Foi feito o procedimento chamado manobra de desengasgo e deu tudo certo”, explica. Emanuel dá algumas orientações aos pais e responsáveis para evitar esse e outros tipos de ocorrências. 

- Quem tem crianças de até dois anos, deve redobrar a atenção, pois elas estão na fase oral e, tudo que pegam, levam à boca; 

- Após a amamentação, a mãe deve aguardar o tempo correto para repousar a criança; 

-  Não oferecer balas para crianças menores; 

- Permanecer atentos durante as refeições; 

- Seguir as recomendações dos fabricantes de brinquedos, observando as diretrizes, porque alguns soltam peças pequenas, o que é um risco para engasgo. 

 

Fontes: 

- ONG Criança Segura 

- Hospital de Trauma de João Pessoa 

- SAMU 

 


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