Superação e paratletismo ressignificam a vida de Nathália Almeida


 



Por: Célia Rangel e Meyri Gomes


No dia 21 de outubro de 2014, a caminho do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Campus João Pessoa, a estudante do curso de Automação Nathália Almeida, na época com apenas 22 anos, foi atropelada por um veículo cuja condutora usava o celular. O carro subiu na calçada por onde passava, prensando-a contra uma parede, tendo sua perna esquerda esmagada. Levada para o hospital, foi constatado que a femural estava esfarelada por dentro (femoral é uma veia de grande calibre, através dela, o sangue da perna é levado para o coração na quantidade de 1 litro por minuto). Como era muito jovem e também atleta (praticava handebol), os médicos fizeram de tudo para evitar a amputação, porém não foi possível.  

“Minha perna esquerda foi amputada, mas ganhei novas possibilidades. Não importa o que aconteça, a vida não para”, ressalta.

É essa história que a jornalista Célia Rangel junto com Meyri Gomes traz para você. Nesta edição do Oh, que saúde! Nathália conta  como reuniu forças para enfrentar esse momento tão difícil e ressignificá-lo. 

 

CR – Bom dia Nathália! Obrigada por compartilhar sua história. 


NA – Bom dia Célia! Eu também agradeço o espaço.  

CR – Como foi enfrentar tantas dificuldades? 

NA – Uma médica residente entrou na enfermaria e, de forma dura e impactante, disse que havia quase 100% de probabilidade da minha perna 

 ser amputada. Foi um grande choque. Eu me desesperei! Chorei muito e pedi a Deus para que ele me mostrasse se realmente a amputação seria necessária.  No outro dia, depois que acordei, comecei a sentir fortes dores, tão fortes que foi preciso aplicarem morfina. O médico foi chamado urgente e explicou que as dores eram consequência da infecção que estava subindo e os órgãos estavam começando a parar de funcionar. Então, muito decididamente, autorizei meu pai a assinar o termo de responsabilidade acerca da amputação. 

 

CR – E qual foi sua reação depois que saiu da Unidade de Recuperação Pós-Operatória? 



NA-
Sai tranquila e brincando com a equipe do plantão. Foi Deus que me ajudou a enfrentar a situação daquela maneira.  Acho importante frisar que, independente do que aconteça, não podemos desistir, não podemos parar. Seguir é o caminho.  

CR – Depois de ter saído do hospital, o que aconteceu?  

NA – Precisei passar por um período de curativos para a cicatrização da cirurgia. Enquanto isso, mergulhei em pesquisas na internet sobre empresas de referência na confecção de prótese em São Paulo.   


CR – Fala sobre a sua recuperação. 


NA- Foi excelente, surpreendendo o médico. E, quando estava em condições, viajei para São Paulo.  Depois de sete meses da amputação, coloquei a prótese. No início, foi difícil a adaptação, mas, depois de 30 dias, tudo começou a fluir. Lembro que a primeira vez que a coloquei chorei muito. Enxuguei as lágrimas e fui em frente. 


MG -  Como é sua vida?  


NA - Sou totalmente independente no cotidiano e tenho mobilidade e liberdade de movimento. E a minha determinação tornou-me paratleta. Em 2015, comecei a participar dos treinos da modalidade Lançamento de Dardo. A minha evolução e força me fizeram conquistar a medalha de recordista brasileira.  


MG – Conta mais a respeito da sua trajetória no paratletismo. 


NA – São muitas conquistas, entre elas estão as medalhas de ouro no Arremesso de Peso e Lançamento de Dardo, competições disputadas nos Jogos Paralímpicos Universitários, realizadas no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em 2016, em São Paulo. E ainda sou recordista das Américas no Lançamento de Dardo (2018). E em 2020, na Competição Norte-Nordeste de Lançamento de Dardo, conquistei o primeiro lugar. 

MG – Com a pandemia, como estão os treinos?  


NA- Passei um período treinando em casa orientada pelo treinador através de vídeo-chamada. Agora o treinamento voltou assim: cada paratleta treina separadamente, com horário específico, evitando aglomeração. 


CR- Em meio a um clima de descontração, nossa entrevistada, recentemente casada, revela o orgulho a respeito da participação do  maridão, Cícero Valdiran, na Olimpíada de Tóquio. 



NA -
Nos conhecemos nas pistas, ele também é paratleta, e vai participar da Olimpíada de Tóquio, na modalidade Lançamento de Dardo. Vem uma medalha aí. Vamos torcer! 

CR – Nesse momento, existem pessoas que estão enfrentando situações muito difíceis. Deixa uma mensagem para elas. 


NA – Nunca pare diante das dificuldades. Eu sempre gosto de repetir aquela frase: a gente não sabe a força que tem até que ser forte é a única opção. Há muitos desafios ainda que irei enfrentar, mas tenho orgulho de como venho conduzindo minha trajetória. A vida é um presente, temos que agradecer a Deus e valorizá-la. 


CR e MG – Nathália, muitíssimo obrigada pela sua participação e por tantas lições de vida. 


NA – Eu também sou grata por poder compartilhar minha história de superação. 


Você sabe quando surgiu o paratletismo?  

Embora não existam dados precisos, os registros sobre o surgimento do paratletismo revestem-se de indícios que apontam para mais de quatro mil anos, no Egito. Já com relação aos primeiros Jogos Paraolímpicos, aconteceram em 1960, em Roma, com inscrição de 400 paratletas e 23 países.  

 

Panaroma mundial sobre acidentes de trânsito 


Os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem no mundo por ano em consequência de acidentes de trânsito. De acordo com os números da OMS, metade das vítimas correspondem a pedestres, ciclistas e motociclistas. 


Contextualizando o Brasil 


O país é apontado pela OMS como sendo o quarto mais violento no trânsito em relação ao continente americano. Entre os estados brasileiros, São Paulo destaca-se como o que apresenta o maior número de óbitos. E motoristas alcoolizados são responsáveis pela segunda maior causa de mortes no trânsito no Brasil.   


 



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