Quando falamos sobre humanização, nos vem logo à mente um ambiente acolhedor e afetivo para receber os que procuram os serviços de saúde seja lá em que área for, nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), nas clínicas, nos laboratórios, nos consultórios e hospitais.
Os serviços de saúde se modernizam todos os dias. Se
fizermos uma busca por médicos e suas especialidades, encontraremos as mais
diversas áreas nas redes sociais. É notório que os médicos mais novos estão
usando-as para divulgar seus serviços. Uns com excelentes estratégias de
marketing e outros nem tanto.
É preciso atentar para a diversidade de pessoas que
buscam os serviços de saúde. Uma diversidade que não caberia em um só post
sobre isso. Podemos falar em outros posts sobre os diversos tipos humanos que
os procuram. Todos, igualmente, além da cura do que os incomoda, querem o
acolhimento e o respeito à pessoa humana. Ninguém vai a passeio ao hospital ou
a uma clínica, concorda?
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), cerca de 96 milhões de pessoas estão obesas no país, seis em cada dez
possuem obesidade. Os dados são alarmantes. Esses obesos usam cadeiras em
restaurantes, dirigem, vão a consultórios médicos, são consumidores e pagam
impostos. A falta de estrutura das cidades dificulta a mobilidade dessa parcela
da população. A cidade é feita para pessoas sem nenhuma necessidade especial.
Uma visita cotidiana a um dentista é quase um terror para
o obeso, transitar em espaços mínimos, entre equipamentos e uma cadeira estreita,
é quase escalar uma montanha. Se você nunca se sentiu desconfortável ao ir ao
dentista e ouvir dele: "cuspa" quando a cadeira está deitada e você
precisa levantar e não tem onde apoiar e precisa cuspir ou engolir os restos do
material que está sendo retirado de seus dentes. Será que os nobres
profissionais nunca ouviram falar em sugador?
Então, vamos reprisar as aulas sobre humanização. Ok.
Primeiro período na faculdade e se aprende que humanizar é atender sob os três
pilares: afeto, ética e solidariedade. Eu acrescento: compaixão. A compaixão é
entender que quem procura ajuda precisa ser acolhido com amor. Ninguém fica
doente porque está deliberadamente e conscientemente querendo adoecer. Certo?
O cadeirante não encontra acessibilidade facilmente na
cidade. O idoso também não. Mas, o obeso além de não ter acesso, também recebe
de brinde os comentários mais insuportáveis e inconvenientes: É gordo porque
quer, é glutão, "não tem vergonha na cara". Pois é. Lembro de uma
palestra que meus alunos foram assistir e voltaram revoltados. O motivo, o
palestrante, após falar sobre a obesidade, sua origem, as consequências,
encerrou com esse primor de frase: “o gordo não tem vergonha na cara”. Ainda
bem que meus alunos da área de saúde se revoltaram e tenho certeza que todos
lembram do afeto, da ética e da solidariedade/compaixão quando atendem a um
obeso.
E então, depois do que falamos aqui, pense: os
equipamentos de sua clínica são adequados a todo tipo humano? Como é o
atendimento ao obeso, autista, idoso, deficiente visual, auditivo... seja como ele
for. Sua clínica está preparada para atender à comunidade LGBTQIA+?
A obesidade é considerada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) como o
acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo. A discriminação, o
preconceito e a falta de empatia ainda são grandes barreiras para as pessoas
que estão obesas. A gordofobia é um mal e precisa ser combatido.
É necessário promover a
acessibilidade aos equipamentos hospitalares, aos equipamentos usados em
consultórios e a todos os lugares onde as pessoas precisarem ir, tenham o peso
que tiverem. O obeso necessita de atendimento seguro, acessível e sem
constrangimento. É um direito dele, não é favor dos ambientes de saúde públicos
ou privados. É obrigação acolher, dar acesso com equidade e ter ética no
atendimento.
Informações ótimas
ResponderExcluirQue bom que gostou. PODE SUGERIR TEMAS PARA DISCUTIMOS AQUI.
ExcluirInformativo e bastante objetivo.
ResponderExcluirQue bom que gostou do texto.
ExcluirÓtima reflexão, Dira. A gente precisa discutir cada dia mais sobre os direitos de existência e vivência de todos os corpos possíveis, sem tabu, romantização ou percepções limitantes, principalmente nos espaços que devem ser de acolhimento. ♥️
ResponderExcluirSim. Principalmente porque a dor é a exclusão não obedece a protocolos. Grata.
ExcluirÓtimo artigo, ótimas informações. Parabéns Dira, como sempre muito humana e sensata em cada palavra.
ResponderExcluirGrata por sua leitura.
ExcluirVerdade, Dira muito sensível com suas colocações. Orgulho de ter a profissional como Dira em nosso time.
ExcluirMuito importante tudo que foi dito. Dira sempre achei Vc muito inteligente, Parabéns 👏👏👏👏😍
ResponderExcluirowww minha gratidão.
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